Quando chega a notícia de que o bebê tem Síndrome de Down

Ele foi desejado e como muitas pessoas dizem que a gravidez é maravilhosa, era só aguardar os nove meses para recebermos o nosso bebê. Mas, comigo foi diferente, com quatro meses descobri que algo não estava correndo bem, então me submeti a alguns exames e foi quando veio a notícia aos sete meses de gravidez.
“É “cromossomo 21”, seu bebê vai nascer com Síndrome de Down”.
O desespero tomou conta, o desconhecido me assombrou. E agora? Emoções a flor da pele, um misto de medo e muitas dúvidas. Não tínhamos nenhum contato com pessoas com Down, achei que não daria conta, que meu filho não seria feliz e que nunca teria uma vida independente. Sempre tive receio de ser mãe, pois minha mãe era perfeita e eu tão diferente dela, como cuidar de uma criança especial? Sofri, chorei de medo e insegurança. Minha família e meu marido foram essenciais neste momento dizendo que, o que importava era nascer saudável e que de qualquer forma ele era nosso filho, nosso amado filho.
Quando o tão esperado Pedro Henrique nasceu, veio com ele o milagre! Eu e o meu marido (Christian Leme) reviramos o bebê de ponta cabeça, para acharmos não sabemos o que até hoje. Impressionados e emocionados nós nos olhamos, nos abraçamos e eu disse: “Ele é normal! Sim ele é normal”.
Desde então, nós descobrimos que fomos presenteados por Deus, que o “peso”, quem coloca somos nós. Existe um caminho longo sim, mas que vale a pena! Tenho o filho mais feliz, mais amoroso e bagunceiro que conheço.
O ser humano não está acostumado a tanto amor, carinho e pureza. A Síndrome de down é isso, nos ensina a cada dia sermos pessoas melhores, a entendermos o que é o amor verdadeiro e incondicional. Eu e meu marido somos gratos pela oportunidade e não só nós, mas, todos que têm o privilégio de conviver com Pedro Henrique podem dizer o quanto ele nos ensina!
Nosso país ainda está longe de ser um país de inclusão, o preconceito existe em toda parte e muitas vezes da própria família. Penso em criar um filho que tenha uma identidade própria, que nos surpreenda com suas habilidades e independência. Desde de que nasceu, nós trilhamos um caminho de estímulos para potencializar sua confiança e para que ele cresça e então, seja “quem ele quiser”.
Precisamos e buscamos projetos que engajem os portadores de Síndrome de Down a evoluírem, serem cada vez mais independentes e capazes de valorizar cada conquista. Buscamos oportunidades, mas sabemos que é um caminho intenso, mas somos dispostos a isso e acreditamos que ele chegará longe.
Esse é o olhar que gostaria que a sociedade tivesse: do quanto pode ser bom, ser diferente.

Alessandra Leme, é coaching, consultora comportamental e uma das parceiras do Instituto Ensina além de mãe do Pedro, 12 anos.



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